Afisa-PR

Os grandes desafios que envolvem a captura de morcegos hematófagos

Paraná: falta quase tudo no controle dos morcegos!

  

Os fiscais da defesa agropecuária e seus assistentes necessitam de treinamento para que sejam treinados a transitar em mata fechada, localização, escalar e descer em paredões, primeiros socorros, equipamentos comunicadores de alto alcance, cordas, equipamentos de escalada, roupas e calçados adequados, soro antiofídico, adrenalina, etc. Enfim, precisam ainda de quase tudo.

Como fiscal da defesa agropecuária do Paraná, escrevo o presente artigo para externar minha opinião e minha permanente preocupação com relação aos grandes riscos que todos os fiscais e seus assistentes, que realizam as revisões de abrigos de morcegos hematófagos e suas capturas, correm ao realizarem tal trabalho.

Como já participei de algumas revisões e capturas e já ouvi diversos relatos de colegas sobre o mesmo tema, acredito ter conhecimento e razão suficientes para colocar essa questão em discussão; especialmente sua segurança, ou melhor, a falta dela.

O fato é que os fiscais e seus assistentes são treinados única e exclusivamente para identificarem morcegos hematófagos, instalar as redes armadilhas, e esperar que os morcegos  caiam nela, retirá-los e tratá-los com pasta vampiricida. É claro que não posso deixar de considerar o repasse de conhecimento e experiências dos mais assistentes e fiscais mais antigos. Mas isso não é treinamento!

A atividade em discussão envolve um universo muito maior que simplesmente “armar redes armadilhas para capturar morcegos hematófagos”. Envolve enfrentar mata fechada, superar aclives e declives extremos, entrar em grutas, cavernas, caminhar por horas até acessar o abrigo dos morcegos, etc. E boa parte de tudo isso, durante à noite. E todos nós sabemos que nesses locais existem diversos animais peçonhentos, principalmente cobras. Ou seja, os fiscais e os assistentes correm o risco de sofrer quedas, acidentes ofídicos, ataque de abelhas entre outros problemas. E não temos nenhuma proteção da Administração Pública do Estado do Paraná contra isso.

Os fiscais e seus assistentes necessitam de treinamento para que sejam treinados a transitar em mata fechada, localização, escalar e descer em paredões, primeiros socorros...  Necessitam de equipamentos como rádios comunicadores de alto alcance, cordas, equipamentos de escalada, roupas e calçados adequados, soro antiofídico, adrenalina, etc., enfim, precisam ainda de quase tudo.

E por último, gostaria de ressaltar que não podemos e não devemos contar com a sorte, nem com a expectativa de que nunca vai acontecer nada, uma vez que “por sorte” até hoje nada de mais grave aconteceu. A Administração Pública que se preza adota todas as medias preventivas, preconizadas pela segurança do trabalho, em benefício dos servidores públicos por ela tutelados.

O garotinho Lane Graves, de 2 anos de idade, estava brincando na praia às margens do lago de um resort da Walt Disney World, no estado da Flórida (EUA), quando um jacaré o atacou e matou. Isso nunca aconteceu antes. Não era para existir um jacaré naquele local... Pois é. Se as autoridades responsáveis tivessem considerado o risco antes, por menor que fosse, o acidente jamais teria ocorrido, e o menino não teria morrido. 

Onde existe risco, por mínimo que seja, obrigatoriamente, também deve existir prevenção.

Que os fiscais e os assistentes reflitam sobre isso. Obrigado.  

 

Médico Veterinário anônimo1 - fiscal da defesa agropecuária do do Paraná

 

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1 Anônimo, por precaução, pois os fiscais agropecuários de boa-fé, lamentavelmente, atravessam um dos piores momentos da história da fiscalização agropecuária do Paraná.

 

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