Afisa-PR

Opinião da Direx: primeiro os bônus, depois os ônus!

Considerações críticas construtivas

 

 Direx 18


No último dia 10 de novembro alguns afisianos receberam uma mensagem do sindicalismo atuante na fiscalização agropecuária deste estado.

Chama a atenção o seguinte excerto dessa mensagem:

 
(...) REGISTRAMOS AINDA QUE primeiro que nós, os Servidores da Defesa Agropecuária da Adapar, trabalhamos arduamente fazendo mais com menos RH, pois a cada 100 servidores que entravam 64 saíam devido à defasagem salarial.  e mesmo assim, nós servidores, junto com o Governo, Seab, Adapar e iniciativa privada conquistamos o novo status de Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação, PARA SOMENTE APÓS TER demonstrado excelentes resultados, solicitar a reposição da Inflação e melhoria salarial, (...) sendo nós, os servidores, o único elo da cadeia agropecuária que ainda não foi devidamente valorizado com melhorias.....

AFINAL, o reconhecimento e a meritocracia são uma nova e boa via de renegociação...


Portanto, são necessárias as seguintes considerações críticas construtivas:

O "para somente após ter" significa (além de ter adiado a luta coletiva por plena valorização com justiça salarial no âmbito da CFDA/QPA/Lei 17.187) a submissão ao "primeiro os ônus"; o "solicitar a reposição da inflação e melhoria salarial" significa o "'depois os bônus'" (que nunca chegam).

A questão da "meritocracia" (manjada substantivação vinculada à racionalização ideológica neoliberal; à ideologia dos privilégios individuais baseados "no mérito"; o abastado e o miserável "são merecedores de suas desigualdades", à "legitimação" em um mar de desigualdades dos "mais capazes" etc., etc.) apresentada como "tática" de uma "nova e boa via de negociação"? Há "meritocracia 'de categoria'" no serviço público estatutário "menos igual" vinculado ao executivo, ainda mais justamente em tempos de selvageria neoliberal? É claro que não! A suscitada "meritocracia" em nosso métier nunca existiu, não existe e jamais existirá. No métier "menos igual" como o nosso o que efetivamente tem o poder de resolução é a tomada de consciência e a luta coletiva alicerçada na concretude objetiva e não em idealizações "meritocráticas" liberais, obliteração da realidade, enclausuramento individualista em si mesmo etc., etc.

O fato é que as "táticas" e a "estratégia" equivocadas do "primeiro os ônus, depois os 'bônus'" nunca trouxeram (e jamais trarão) algum resultado favorável à justa e legítima (plena) valorização com justiça salarial na CFDA/QPA. A comemorada conquista da (junto com "Governo, Seab, Adapar e iniciativa privada") da ALFASV — tida pelo governo Ratinho Jr. como "o maior anúncio para o agronegócio paranaense em 50 anos" — é mais do que reveladora. Após essa conquista o governo devolveu o APL reivindicado pelo sindicalismo e encerrou as "negociações" (apud ofício 316/2021).

 

 

 

Caso as táticas e a estratégia não sejam radicalmente reformuladas ou que o "meritocrático" "primeiro os ônus, depois os 'bônus'" siga sendo um dogma absurdamente equivocado no seio da CFDA/QPA, os fiscais agropecuários (sobretudo os das classes C e B), infelizmente, têm um longo passado pela frente, pois não sairão tão cedo do fundo do poço da desvalorização com injustiça salarial.