Afisa-PR
Opinião da Direx: primeiro os bônus, depois os ônus!
Considerações críticas construtivas
No último dia 10 de novembro alguns afisianos receberam uma mensagem do sindicalismo atuante na fiscalização agropecuária deste estado.
Chama a atenção o seguinte excerto dessa mensagem:
(...) REGISTRAMOS AINDA QUE primeiro que nós, os Servidores da Defesa Agropecuária da Adapar, trabalhamos arduamente fazendo mais com menos RH, pois a cada 100 servidores que entravam 64 saíam devido à defasagem salarial. e mesmo assim, nós servidores, junto com o Governo, Seab, Adapar e iniciativa privada conquistamos o novo status de Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação, PARA SOMENTE APÓS TER demonstrado excelentes resultados, solicitar a reposição da Inflação e melhoria salarial, (...) sendo nós, os servidores, o único elo da cadeia agropecuária que ainda não foi devidamente valorizado com melhorias.....
AFINAL, o reconhecimento e a meritocracia são uma nova e boa via de renegociação...
Portanto, são necessárias as seguintes considerações críticas construtivas:
O "para somente após ter" significa (além de ter adiado a luta coletiva por plena valorização com justiça salarial no âmbito da CFDA/QPA/Lei 17.187) a submissão ao "primeiro os ônus"; o "solicitar a reposição da inflação e melhoria salarial" significa o "'depois os bônus'" (que nunca chegam).
A questão da "meritocracia" (manjada substantivação vinculada à racionalização ideológica neoliberal; à ideologia dos privilégios individuais baseados "no mérito"; o abastado e o miserável "são merecedores de suas desigualdades", à "legitimação" em um mar de desigualdades dos "mais capazes" etc., etc.) apresentada como "tática" de uma "nova e boa via de negociação"? Há "meritocracia 'de categoria'" no serviço público estatutário "menos igual" vinculado ao executivo, ainda mais justamente em tempos de selvageria neoliberal? É claro que não! A suscitada "meritocracia" em nosso métier nunca existiu, não existe e jamais existirá. No métier "menos igual" como o nosso o que efetivamente tem o poder de resolução é a tomada de consciência e a luta coletiva alicerçada na concretude objetiva e não em idealizações "meritocráticas" liberais, obliteração da realidade, enclausuramento individualista em si mesmo etc., etc.
O fato é que as "táticas" e a "estratégia" equivocadas do "primeiro os ônus, depois os 'bônus'" nunca trouxeram (e jamais trarão) algum resultado favorável à justa e legítima (plena) valorização com justiça salarial na CFDA/QPA. A comemorada conquista da (junto com "Governo, Seab, Adapar e iniciativa privada") da ALFASV — tida pelo governo Ratinho Jr. como "o maior anúncio para o agronegócio paranaense em 50 anos" — é mais do que reveladora. Após essa conquista o governo devolveu o APL reivindicado pelo sindicalismo e encerrou as "negociações" (apud ofício 316/2021).
#AGROPECUÁRIA ➡ A preservação da sanidade do rebanho paranaense e a sustentação da condição sanitária do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação contam com o intenso trabalho de servidores da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). https://t.co/6UnNnnrFze
— Governo do Estado do Paraná (@governoparana) May 29, 2021
Conquistamos o Certificado Internacional de Área Livre de Febre Aftosa sem vacinação. ? Tudo o que é produzido no Paraná tem altíssima qualidade.? pic.twitter.com/QvDvXhVFQD
— Governo do Estado do Paraná (@governoparana) June 5, 2021
Caso as táticas e a estratégia não sejam radicalmente reformuladas ou que o "meritocrático" "primeiro os ônus, depois os 'bônus'" siga sendo um dogma absurdamente equivocado no seio da CFDA/QPA, os fiscais agropecuários (sobretudo os das classes C e B), infelizmente, têm um longo passado pela frente, pois não sairão tão cedo do fundo do poço da desvalorização com injustiça salarial.