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Agrotóxicos: estudo escocês revela a escala de suicídios por envenenamentos auto-infligidos intencionalmente

Desde 1960, cerca de 15 milhões de pessoas em todo o mundo se suicidaram por envenenamentos auto-inflingidos intencionalmente por agrotóxicos, alerta o estudo escocês How many premature deaths from pesticide suicide have occurred since the agricultural Green Revolution? 

 

O estudo How many premature deaths from pesticide suicide have occurred since the agricultural Green Revolution? do Journal Clinical Toxicology, de 9 de setembro de 2019, realizado por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, desde 1960 cerca de 15 milhões de pessoas em todo se suicidaram  por envenenamentos auto-infligidos intencionalmente por agrotóxicos.

 

 

Nesse estudo, segundo a notícia Scale of suicides by pesticide poisoning revealed (por Universidade de Edimburgo) da Medical Press de 11 de setembro de 2019, os pesquisadores escoceses alertam que durante a chamada "Revolução Verde", a introdução de agrotóxicos perigosos nas comunidades rurais pobres — quando nas décadas de 1950 e 1960 as novas tecnologias provocaram uma explosão na produção de produtos agrícolas — "é responsável por muitas dessas" milhões de mortes.

Eles acreditam que o número de mortes pode ser ainda maior. O suicídio é ilegal em muitos países e uma grande quantidade de envenenamentos intencionais por agrotóxicos — que está entre os principais métodos de suicídio em todo o mundo — ocorre em países sem sistemas eficazes de registro de mortes. 

 

Pesquisadores alertam que é preciso reforçar a regulamentação1 

Para evitar essas mortes, os pesquisadores da Universidade de Edimburgo responsáveis pelo estudo, recomendam o fortalecimento da regulamentação de agrotóxicos nos países de baixa e média renda (caso do Brasil).

Suicídios com agrotóxicos envolvem pouco planejamento

A maioria das tentativas de suicídio envolve pouco planejamento. Conforme a notícia "as pessoas frequentemente relatam considerá-lo por menos de 30 minutos antes de ingerir agrotóxicos". Muitas delas morrem antes de chegar ao hospital para um tratamento potencialmente salvador de vidas.

Os cientistas analisaram relatórios contendo números nacionais ou globais de suicídios com agrotóxicos. Eles descobriram que desde 1960 cerca de 15 milhões de pessoas morreram por esse método de suicídio. 

 

Prioridade global de saúde pública 

Os pesquisadores escoceses afirmam que nos últimos 10 e 20 anos o número de suicídios por agrotóxicos caiu, em grande parte devido a uma redução da população rural da China. Este país viveu uma grande migração populacional das áreas rurais para as cidades — onde há menos agrotóxicos disponíveis — e proibiu vários deles que eram altamente perigosos e frequentemente utilizados ​para o suicídio.  

Apesar dessa redução, os pesquisadores alertam que esse problema deve ser uma prioridade global de saúde pública. "As tentativas de suicídio geralmente ocorrem em momentos de curta duração e de grande estresse. A fácil disponibilidade de meios altamente letais —  como agrotóxicos ou armas — nesses momentos aumenta massivamente o risco de a pessoa morrer. A ausência de agrotóxicos altamente tóxicos permite que as pessoas sobrevivam às tentativas de envenenamento e, em seguida, que possam procurar ajuda em suas comunidades e serviços locais de saúde mental", diz o professor Michael Eddleston, diretor do Centro de Prevenção de Suicídios de Agrotóxicos da Universidade de Edimburgo.

 

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Objeto de um nocivo processo de desregulamentação em um dos países que mais usa agrotóxicos

 

Modificado em 8-10-2020 em 22:55

 

Matérias vinculadas:

21-9-2019 - UOL & Deputados erram informações ao debater sobre agrotóxicos na Câmara

17-9-2019 - O Eco & Governo libera mais 63 registros de agrotóxicos e total chega a 353 em 2019 [O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou no Diário Oficial da União desta terça-feira (17) o registro de 63 novos agrotóxicos. Desde o início do ano foram liberados 353 novas autorizações de agrotóxicos, o equivalente a 1,4 registros por dia. Dos 63 produtos registrados nesta terça-feira, 15 são extremamente tóxicos à saúde humana (classe I), 10 é altamente tóxico (classe II), 30 são medianamente tóxicos (classe III), 2 são pouco tóxicos (classe IX) e 6 seguem o perfil toxicológico do produto técnico de referência. Em relação aos riscos ao meio ambiente, 3 deles são altamente perigosos ao meio ambiente, 44 são muito perigosos ao meio ambiente e 16 são perigosos ao meio ambiente. Não houve nenhum registro de agrotóxico classificado como pouco tóxico dessa vez. Com a publicação do ato, esses produtos passam a ter a comercialização permitida no Brasil. Atualmente existem 2.709 produtos agrotóxicos comercializados no país. (...)]

19-9-2019 - Rede Brasil Atual & Para pesquisadora, 'Brasil se coloca em situação degradante' com liberação acelerada de agrotóxicos [Governo Bolsonaro liberou mais 63 agrotóxicos nesta semana. Ao todo, foram 325 novos registros em 2019]

19-9-2019 - Folha de S.Paulo & 30% dos ingredientes de agrotóxicos liberados neste ano são barrados na UE [Folha comparou 325 produtos registrados no Brasil em 2019 com União Europeia, EUA, Índia, Argentina, Canadá e Austrália]

18-9-2019 - Brasil de Fato & Liberação de agrotóxicos atende interesses do mercado, diz especialista em agronomia [Leonardo Melgarejo afirma que a medida ignora saúde da população; governo federal já autorizou 325 venenos neste ano]

17-9-2019 - G1 & Governo autoriza mais 63 agrotóxicos, sendo 7 novos; total de registros em 2019 chega a 325 [Ritmo de liberação no ano segue sendo o mais alto da série histórica]

16-9-2019 - Câmara dos Deputados & Regras sobre liberação de agrotóxicos geram polêmica em debate na Câmara [Ministério da Agricultura defendeu facilidade no registro, enquanto ambientalistas pediram criação de uma política nacional de redução dos agrotóxicos] ​

15-9-2019 - Bob Fernandes & No Brasil, mais de 9.500 tentativas de suicídio com ingestão de agrotóxicos em 10 anos

12-9-2019 - Rede Brasil Atual & Liberação de agrotóxicos pode agravar taxas de suicídio no meio rural [Especialistas alertam que a frequência de exposição a determinados agrotóxicos pode levar a quadros de depressão grave, que têm como ponta a tentativa de suicídio. OMS alerta que 20% dessas mortes são por auto-envenenamento]

11-9-2019 - G1 & Depressão afeta fumicultores do Sul que são expostos diariamente à planta e a agrotóxicos [Clarissa Levy e Manoela Bonaldo integraram a terceira edição do Globo Lab Profissão Repórter, laboratório que percorreu o Brasil em busca de jovens talentos do audiovisual]

10-9-2019 - DW Documental & La fusión y sus consecuencias [Un año después de adquirir Monsanto, Bayer se ve afectado por la imagen negativa de esta. La empresa de Leverkusen también es responsable de los problemas jurídicos del pasado y de los miles de demandas pendientes del gigante estadounidense. Desde hace mucho tiempo, el Roundup, un herbicida que contiene glifosato y que Monsanto vende en todo el mundo, es sospechoso de causar cáncer. Un tribunal de California acaba de conceder más de dos mil millones de dólares por daños y perjuicios a una pareja. El año pasado, el precio de las acciones de Bayer se redujo a la mitad y las consecuencias se dejan sentir en la misma empresa: en los próximos años se suprimirán unos 12.000 puestos de trabajo en todo el mundo, una gran parte de ellos en Alemania. El Consejo de Administración del promotor de la fusión, el director general Werner Baumann, se encuentra cada vez más presionado. Recientemente, los accionistas incluso se negaron a aprobar las acciones del consejo directivo. Bayer está en medio de su mayor crisis.El reportaje traza los efectos de la fusión y sigue nuevas huellas de los posibles riesgos para la salud del glifosato. ¿Cómo intentó Monsanto influir en los políticos, los científicos y la opinión pública en el pasado? ¿Los estadounidenses negaron y minimizaron amenazas conocidas internamente? ¿Y Bayer se distancia realmente de estas prácticas?]

10-9-2019 - The Intercept Brasil & Monsanto orquestrou o esforço do Partido Repúblicano para intimidar pesquisadores [Em 2015, um dos grupos de pesquisa sobre câncer da OMS, a IARC, classificou o glifosato, um ingrediente ativo do herbicida Roundup, como um “provável carcinógeno”, desencadeando um debate global sobre o herbicida mais popular do mundo.Nos últimos quatro anos, os congressistas republicanos criticaram e pressionaram para retirar os fundos da IARC, lançando sua defesa sobre o produto químico em uma missão em nome de pequenos fazendeiros norte-americanos. O deputado republicano Frank Lucas, de Oklahoma, escreveu que sua indignação com a pesquisa sobre o câncer é em nome dos “agricultores e fabricantes de alimentos que dependem de métodos agrícolas tradicionais para produzir a comida que abastece a América – e o mundo”. Mas, de acordo com um conjunto recente de documentos, o ataque político à IARC foi roteirizado em parte pela Monsanto, o conglomerado químico e de sementes de St. Louis que produz o Roundup e cultivos resistentes a ele (...)"]

10-8-2019 – Hypeness & Monsanto pagou o Google para 'esconder' notícias negativas, diz jornal [Gigante dos agrotóxicos e acusada de contribuir para o aumento de casos de câncer, a Monsanto pagou o Google para omitir notícias negativas a seu respeito. Segundo o  The Guardian, a companhia mirou jornalistas, ativistas e até o cantor Neil Young]

1-9-2019 - Rede Brasil Atual & Agronegócio concentra as maiores taxas de suicídio entre trabalhadores [Entre 2007 e 2015, casos de trabalhadores da agropecuária que tiraram a própria vida cresceu o dobro da média nacional. Exposição aos agrotóxicos é considerada a principal causa. O agronegócio é o setor econômico que concentra as maiores taxas de suicídio entre trabalhadores. De 2007 a 2015 foram registrados 77.373 suicídios, cerca de 8.597 por ano. Corresponde a uma mortalidade anual de 8,9 por 100.000 indivíduos em 2007, e de 10,5 em 2015. O dado consta da edição de agosto do Boletim Epidemiológico do Centro Colaborador da Vigilância dos Agravos à Saúde do Trabalhador do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA)]

1-9-2019 - Bem Paraná & Paraná é o líder do país em intoxicações por agrotóxico [A cada 20 horas, um caso de intoxicação por agrotóxico agrícola é registrado no Paraná. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, entre 2007 e 2017 (último ano com dados disponíveis) um total de 4.785 paranaenses tiveram intoxicação confirmada. Dentre todas essas ocorrências, 347 terminaram em morte. Esses números colocam coloca o Paraná como o principal destaque (negativo) do país em termos de internações e óbitos por intoxicação com agrotóxico agrícola. Com relação às internações, São Paulo (4.024), Minas Gerais (3.235), Pernambuco (2.860) e Santa Catarina (1.827) aparecem na sequência do Paraná. Já com relação aos óbitos, o estado é seguido por Pernambuco (342), São Paulo (232), Minas Gerais (166) e Ceará (158). Os dados, alarmantes, não chegam a surpreender. Isso porque o Paraná, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), é o terceiro maior consumidor de agrotóxicos do Brasil, consumo este que tem crescido. Em 2016 e 2017, por exemplo, foram consumidos um total de 92.160,5 e 92.398,0 toneladas de agrotóxicos, respectivamente. Já no ano passado, o consumo total chegou a 92.904,3 toneladas. (...)]

30-8-2019 - Plural & Em dez anos, número de intoxicação por agrotóxico dobra no país [A cada 73 minutos uma pessoa intoxicada por agrotóxico no país. Dados do DataSus, base de informação do Ministério da Saúde, registraram 54 mil casos de contaminação por agrotóxico em dez anos no Brasil]

29-8-2019 - Brasil de Fato & Venda de agrotóxicos altamente perigosos é mais intensa em países pobres, diz estudo [Pesquisa da ONG suíça Public Eye foi lançada nesta quinta-feira durante a 18ª Jornada de Agroecologia, em Curitiba (PR)]

29-8-2019 - Campanha Permanente contra os agrotóxicos e pela vida & Relatório revela: 70% dos agrotóxicos usados no Brasil são considerados "altamente perigosos"; país responde por 1/5 do consumo mundial

29-8-2019 - Terra de Direitos & "Ministério da Agricultura atua como se o PL do veneno já estivesse aprovado", destaca especialista [Debate anterior à Jornada de Agroecologia do Paraná reforça que liberação recorde de registros agrotóxicos intensifica vulnerabilidade ambiental e da saúde]

26-8-2019 - Brasil de Fato & Mudanças na regulação de agrotóxicos são um retrocesso de 40 anos, diz pesquisador [Pioneiro da agroecologia, o professor da USP Adilson Dias Paschoal relança livro clássico sobre agrotóxicos. A liberação de agrotóxicos como vem sendo feita hoje no Brasil é um retrocesso de 40 anos. A opinião é de um dos maiores especialistas sobre o tema, o professor e pesquisador Adilson Dias Paschoal, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP). Há quatro décadas, Adilson lançou um livro que serviria de base para a proibição de elementos como o DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano, um inseticida de baixo custo) e a elaboração de todas as legislações estaduais sobre o uso de agrotóxicos. Na obra, ele demonstrava que, ao contrário da argumentação da indústria – sustentada até hoje pelo agronegócio –, a utilização de agroquímicos nas lavouras favorece o aumento de pragas, que se tornam mais resistentes e demandam novos produtos num ciclo interminável. (...)]

16-8-2019 - Brasil de Fato & Mudança na categorização dos agrotóxicos é revoltante, por Alexandre Padilha [É como se o paciente estivesse com febre e, em vez de tentar ajudá-lo, o enfermeiro jogasse o termômetro fora]

15-8-2019 - Rede Brasil Atual &  Governo desqualifica pesquisa sobre agrotóxicos. "Estamos no obscurantismo", diz Larissa Bombardi [Membros da Anvisa e do Ministério da Agricultura põe em dúvida estudo que mostra não haver dose segura para os 10 agrotóxicos mais usado no país]

7-8-2019 - Super Interessante & O Brasil é o país que mais usa agrotóxicos. Se alguém negar isso, desconfie [Dados de consumo por hectare, que têm frequentado o noticiário e supostamente colocam o País em 7o. lugar, são enganosos; entenda por quê. Em agosto de 2018 a SUPER publicou uma reportagem de capa, chamada O País do Agrotóxico, em que o jornalista Ricardo Lacerda e eu investigamos profundamente o tema: mostramos por que o Brasil é o país que mais usa agrotóxicos, revelamos quais são os reais riscos à saúde de agricultores e consumidores, apontamos as mudanças que vinham sendo feitas para afrouxar os mecanismos regulatórios e permitir o aumento no uso de pesticidas no País. Se você ainda não leu a matéria, e não sabe direito o quanto se preocupar (as verduras que você come estão mesmo te envenenando?) ou o que fazer (é possível ou não retirar os agrotóxicos dos alimentos?), leia. Vai entender o assunto de uma vez por todas, com dados e explicações que não se encontra nas notícias do dia a dia, e tirar conclusões definitivas a respeito. ​(...)]​

6-8-2019 - Brasil de Fato & Agrotóxicos: 44% dos princípios ativos liberados no Brasil são proibidos na Europa [Estudo evidencia discordância quanto ao uso de venenos; impasse pode prejudicar acordo comercial entre UE e Mercosul]

2-8-2019 - Brasil de Fato & Número de agrotóxicos que Anvisa considera "extremamente tóxicos" cai de 34% para 2% [Novo marco regulatório é "forma de enganar a sociedade", segundo pesquisador; mudança também impacta rótulo dos produtos. A nova classificação de agrotóxicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada esta semana no Diário Oficial da União, provocou uma redução drástica do número de produtos considerados "extremamente tóxicos" no Brasil. Nos últimos estudos divulgados antes da mudança no método de sistematização, 800 agrotóxicos, em média, pertenciam a essa categoria, em um universo de cerca de 2300 – aproximadamente 34,7%. A nova tabela, divulgada pela Agência nesta quinta (1º), classifica apenas 43 como "extremamente tóxicos", o que equivale a 2,2% dos 1924 produtos analisados. A sistematização dos produtos, até então regulada por uma legislação de 1989 que previa a existência de quatro categorias segundo o nível de perigo oferecido pelos venenos, passou a ter cinco divisões, com novos critérios. As novas normas também permitem que produtos  antes considerados "altamente tóxicos", que provocam irritação severa na pele, passem para a categoria de toxicidade moderada, enquanto os "pouco tóxicos" – com risco de irritação leve na pele e nos olhos, por exemplo – fiquem liberados de classificação. Com isso, eles não apresentarão advertências no rótulo para o consumidor. (...)]

2-8-2019 - GaúchaZH & Saiba o que muda com as novas classificações de agrotóxicos no Brasil [Em vigor desde quarta-feira (31), marco regulatório da Anvisa para agroquímicos segue modelo internacional na comunicação sobre os produtos, mas gera críticas. (...) Crítica em relação a efeitos de longo prazo — A adoção do modelo GHS na classificação de agrotóxicos é "complicada", pois leva em conta, principalmente, os efeitos agudos causados pela exposição ao produto, não reforçando a atenção às complicações no longo prazo, considera Marcelo Arbo, professor de toxicologia da Faculdade de Farmácia da UFRGS. Ele afirma que a nova identificação pode passar a ideia equivocada de que determinado produto é menos nocivo por não causar problemas de saúde imediatos: — No caso dos agrotóxicos, principalmente esses mais novos, o problema é que muitos agudamente não têm efeito muito tóxico. Não vão provocar consequência grave. Mas a longo prazo, com exposição continuada, o que vai acontecer com o trabalhador que aplica esse produto com toxicidade bem pronunciada? — questiona."]

1-8-2019 - Rede Brasil Atual & 'Marco regulatório para agrotóxicos é o PL do Veneno na prática', diz pesquisadora [Entre as mudanças previstas pela Anvisa está o afrouxamento na classificação dos agrotóxicos. O governo Bolsonaro publicou no Diário Oficial da União, nesta quarta-feira (31), o marco regulatório para Agrotóxicos. A medida, que afrouxa critérios para avaliação e classificação destes produtos químicos, é criticada por especialistas. De acordo com Larissa Mies Bombardi, professora do Departamento de Geografia da USP e autora do Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil, o marco faz valer, na prática, o Projeto de Lei 6299/02, o chamado PL do Veneno. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, ela explica que o governo Bolsonaro executa um projeto que ainda não foi apreciado no Congresso Nacional. "O Executivo está passando por cima do Legislativo e implantando princípios que estão no PL que não foi votado. É uma vergonha esse marco regulatório, que nos deixa mais vulneráveis. Se antes havia algum cuidado, hoje, só a morte é considerada para saber se a substância é tóxica", criticou. Com a promulgação do marco, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou o afrouxamento dos critérios para avaliação e classificação dos agrotóxicos. As novas regras anunciadas estabelecem o uso de métodos alternativos à experimentação animal. E retiram exigências que a agência afirma serem "redundantes" e "cientificamente desnecessárias" para a tomada de decisão regulatória. "A Agência argumenta que a mudança é necessária pois a portaria que regulamentava era antiga. No entanto, o critério que será adotado para classificar um produto como “extremamente tóxico” é o efeito agudo, ou seja, só se levar o sujeito à morte", explica Larissa. (...)]

1-8-2019 - El País & Um terço dos agrotóxicos usados no Brasil inclui alguma substância proibida pela UE [O Governo do presidente Jair Bolsonaro acelerou a aprovação de 262 novos tipos de pesticidas desde que assumiu o poder. (...) O Brasil, uma potência agrícola, é um dos países que mais usam agrotóxicos. A especialista explica que o aumento ocorre porque a superfície cultivada se expandiu, mas também porque os agricultores estão usando mais pesticidas por hectare. Ela observa também que a fiscalização sobre os efeitos na agricultura é deficiente e inexistente ao final da cadeia, quando chega ao consumidor. Os ingredientes mais destacados entre os usados no Brasil e proibidos na União Europeia são o acefato e a atracina, vetados ali há mais de 15 anos. (...)]

26-7-2019 - National Geographic & Liberação recorde reacende debate sobre uso de agrotóxicos no Brasil. Entenda [Já foram 290 produtos liberados em 2019, 41% deles de extrema ou alta toxicidade e 32% banidos na União Europeia. Ritmo de registros é o maior na última década. Especialistas discutem riscos à saúde pública e ao meio ambiente e defendem alternativas. Na última segunda-feira (22/7), o governo aprovou a entrada de mais 51 agrotóxicos no mercado brasileiro, 17 deles são extremamente tóxicos. Já foram liberados 290 pesticidas desde 1º de janeiro. Trata-se do maior ritmo de liberação de agrotóxicos na última década para o período de 1º de janeiro a 22 de julho. O volume superou a taxa de 2018, então a mais alta para o mesmo intervalo de tempo com 229 dos 422 novos produtos liberados no ano. Outras 559 solicitações de registro já foram acatadas pelo governo. (...) "Não existiu um grande concurso público ou o deslocamento de pessoas para aprimorar esse e outros processos dentro da agência", alerta Marina Lacôrte, coordenadora da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil. “Acelerar esse tipo de liberação é uma decisão política. (...)"]

24-7-2019 - Brasil de Fato & Nova classificação de agrotóxicos é "forma de enganar a sociedade", diz pesquisador  [Metodologia muda rótulo dos produtos; Greenpeace aponta que sistematização confunde consumidores (...) Especialista no tema, o engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, diz que a nova metodologia impõe riscos à saúde humana porque os pesticidas têm reconhecida ligação com diferentes tipos de males. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em média, 193 mil mortes registradas ao ano no planeta podem ter relação com o uso de agrotóxicos e outros produtos químicos.  "A informação de risco agora privilegia os casos de morte. Sobrevalorizar um veneno porque ele causa morte e deixar de lado preocupações de longo prazo, como câncer, cegueira, problemas de raciocínio e no sistema nervoso central, para nós, é uma forma de enganar a sociedade. Vai minimizar o cuidado que as pessoas vão ter com venenos que não causam a morte, mas que trazem dramas que, para uma família, são tão relevantes quanto a perda de um parente", reflete. (...) "Seria racional que nós tivéssemos um modelo semelhante, mas, na comunidade econômica europeia, pelo que sabemos, são proibidos vários dos produtos que são autorizados aqui. Seria de se esperar que uma reclassificação que compatibilizasse a realidade brasileira com a europeia retirasse do mercado esses produtos. No entanto, não há nenhuma sinalização nesse sentido", pondera Melgarejo, acrescentando que mais de 30% dos venenos que circulam nacionalmente são rejeitados por esses países. (...)]   

24-7-2019 - Huffpost & Nova regra da Anvisa permite que agrotóxico extremamente tóxico seja classificado como moderado [Segundo especialistas ouvidos pelo HuffPost, novo marco regulatório omite riscos à saúde humana. Para agência, mudança fortalece a comercialização de produtos nacionais no exterior. (...) Risco maior. Mas, para especialistas, as mudanças significam maiores riscos a agricultores e até mesmo aos consumidores. "O que a gente tem assistido é um grande movimento de flexibilização das regras para agrotóxicos, desde aceleração de aprovações [de novos pesticidas] até adoção desse padrão internacional, que na verdade, são apenas diretrizes", criticou Marina Lacorte, coordenadora da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace. Lacorte acusa o governo de usar tais normas internacionais a favor da bancada ruralista, no intuito de flexibilizar regras e classificações atuais e de "omitir" os verdadeiros riscos aos consumidores. Ela ressalta que foram aprovados e usados no Brasil agrotóxicos classificados como cancerígenos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), que é respeitada e seguida pelo formato agora adotado pela agência brasileira. "Ou seja, [o governo] adota a classificação que lhe convém. É realmente contraditório", completa. (...)]

24-7-2019 - G1 & Entenda o que muda na classificação dos agrotóxicos pela Anvisa [Pesticidas considerados altamente tóxicos poderão ser rotulados de forma mais branda, o que é criticado por ambientalistas. Agência diz que país está adotando padrão internacional e que 'régua mais baixa' pode ajudar a diminuir nível de toxidade de futuros produtos]

24-7-2019 - Poder 360 & Questão dos agrotóxicos exige debate qualificado, escreve Larissa Bombardi [Dados devem considerar 1 conjunto de fatores. Brasil é líder em consumo de agrotóxicos. População segue subnutrida e intoxicada]

24-7-2019 - Folha de S.Paulo & 78% dos brasileiros acham que agrotóxicos são inseguros [Para 72% dos entrevistados, alimentos produzidos no Brasil têm mais agrotóxicos do que deveriam, aponta Datafolha]

23-7-2019 - Folha de S.Paulo & Anvisa adota risco de morte como único critério para classificar agrotóxicos [Nova regra da agência dispensa irritação de olhos e pele e vai reclassificar agrotóxicos muito tóxicos em categorias mais baixas]

23-7-2019 - RT & El Gobierno brasileño aprueba el uso de 51 agrotóxicos y bate récord de liberación de pesticidas [El Ministerio de Agricultura indica que en siete meses se han liberado 262 productos. Greenpeace denuncia que se trata del mayor volumen registrado en la historia del país]

23-7-2019 - DW & Anvisa aprova mudança na classificação de agrotóxicos [Brasil adota padrão internacional usado por mais de 50 países. Modelo deixa de lado resultados toxicológicos de irritação dos olhos e da pele e usa o risco de morte como único critério para classificar tais produtos. Ao jornal Folha de S. Paulo, o gerente de avaliação de segurança toxicológica da Anvisa, Caio Almeida, afirmou que, ao incluir resultados toxicológicos de irritação dos olhos e da pele, o antigo método fazia com que grande parte de agrotóxicos acabasse classificada como extremamente tóxica. O padrão internacional não elimina, porém, os estudos toxicológicos de irritação dos olhos e da pele. O GHS prevê que esses testes sejam utilizados para alertas que devem ser feitos nos rótulos e bulas dos produtos sobre riscos à saúde, tornando assim as advertências mais claras (...)]

23-7-2019 - Rede Brasil Atual & Anvisa afrouxa critérios para avaliação e classificação de agrotóxicos [Imprecisas quanto ao conceito de perigo, novas regras não ampliam cautelas e desprezam efeitos das substâncias sobre a saúde, inclusive quando combinadas. (...) Vice-presidente da regional sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), o agrônomo Leonardo Melgarejo avalia que os critérios só estariam sendo atualizados caso ampliassem as cautelas, o que implica na retirada do mercado de vários produtos. E não há qualquer sinalização nesse sentido. "Uma atualização efetiva deveria considerar os efeitos crônicos das substâncias, isoladamente, e também os efeitos sinérgicos resultantes da combinação de agrotóxicos, o que necessariamente ocorre na água e nos organismos que os absorvem", afirma. Melgarejo também tem críticas em relação às mudanças na rotulagem. A comunicação dos perigos à vida e à saúde humana, e da classificação toxicológica, com o estabelecimento de categorias e faixas de cores – que a agência considera uma evolução –, para ele é a transmissão de conceitos imprecisos e sem clareza. "Não está clara a consideração de perigos." (...)]

9-11-2018 - Associação dos Fiscais da Defesa Agropecuária do Estado do Paraná (Afisa-PR) & O relatório da ONU contra os agrotóxicos não pode ser esquecido ["Usar mais agrotóxicos não tem nada a ver com a eliminação da fome. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), somos capazes de alimentar 9 bilhões de pessoas hoje. A produção está definitivamente aumentando, mas o problema é a pobreza, a desigualdade e a distribuição [de alimentos]". — Hilal Elver, relatora especial da ONU sobre o direito à alimentação | The UN report against pesticides can't  be forgotten & "Using more pesticides has nothing to do with the elimination of hunger. According to the United Nations Food and Agriculture Organization (FAO), we're able to feed 9 billion people today. The production is definitely increasing, but the problem is poverty, inequality and distribution [of food]". — Hilal Elver, UN Special rapporteur on the right to food]

7-3-2017 - The Guardian & UN experts denounce 'myth' pesticides are necessary to feed the world [Report warns of catastrophic consequences and blames manufacturers for 'systematic denial of harms' and 'unethical marketing tactics'.The idea that pesticides are essential to feed a fast-growing global population is a myth, according to UN food and pollution experts. A new report, being presented to the UN human rights council on Wednesday, is severely critical of the global corporations that manufacture pesticides, accusing them of the “systematic denial of harms”, “aggressive, unethical marketing tactics” and heavy lobbying of governments which has “obstructed reforms and paralysed global pesticide restrictions."]

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