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Opinião da Direx: o reajuste é 0%

Mais conscientização política – visto que eventual reeleição será trágica aos "menos iguais" – e menos economicismo

 

 

O governo neoliberal em turno encaminhou ao legislativo o projeto de lei 729/2021 para honrar o reajuste (3%) que já deve. (Conforme dispõe a Lei 19.912/2019.)

O art. 1º, parágrafo único, do projeto de lei condiciona:

 

"O pagamento do índice restante de revisão geral anual previsto na Lei n°18.493, de 24 de junho de 2015, dependerá do desempenho da arrecadação ao longo do exercício de 2022."

 

Um condicionante vinculado à manjada cantilena do "desempenho da arrecadação", logo, apenas os mais iludidos podem "esperar" algum "reajuste" para o próximo mês de maio.

 

Mais política e menos economicismo

Verificamos que a análise do arrocho salarial dos "menos iguais"1 gira em torno do economicismo. É evidente que o problema da sistemática negação da revisão geral anual não é econômico, pois há orçamento.

 

 

Logo, é fundamental conscientizar sobre a questão política. Enfrentamos um governo da direita radical (neoliberalismo) e que deixou claro que governa para os exploradores (além dos prósperos enclaves "mais iguais" garantidores do funcionamento do sistema) e não para os explorados, no caso, os "menos iguais" estatutários vinculados ao executivo.

Essa espécie de neoliberalismo de província tem como eixo político o uso sistemático da inflação como favor de corrosão (–25,44%) do salário real do "menos igual". Essa política é clara: a redução do nível salarial dos "menos iguais"; a inflação não afeta o orçamento; este é impactado (explica-se o alegado déficit) com bilionárias renúncias fiscais, ampliando a taxa de lucros, pois bilhões permanecem nos bolsos dos que são favorecidos.

 

 

Portanto, é a política (e não o economicismo) que explica os bilhões (na forma de renúncia fiscal) mantidos com os exploradores e praticamente nada (na forma de imprescindível reajuste para contrarrestar a inflação) destinado aos "menos iguais".

Mais conscientização política – visto que eventual reeleição será trágica aos "menos iguais" – e menos economicismo.

 

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1 Atirando no arrocho salarial até mesmo setores da burocracia estratégica do estado como, p. ex., a fiscalização agropecuária que [ainda] existe para salvaguardar a acumulação capitalista do chamado agronegócio.

 

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