Afisa-PR

Quem são os burros nessa história?

Não se pode analisar a Operação Carne Fraca apenas pelo aspecto econômico e monetário

  

A notícia A Carne Fraca e o reino dos imbecis (por Luis Nassif) do Jornal GGN de 18 de março de 2017, sustenta o nível de emburrecimento nacional ligado à Operação Carne Fraca:

 

Mas, não. O bate-bumbo criou uma enorme vulnerabilidade para toda a carne exportada pelo país. Os anos de esforços gerais para livrar o país da aftosa, conquistar novos mercados, abrir espaço para as exportações ficaram comprometidos pelo exibicionismo irresponsável desse pessoal.

 

Porém, não se pode analisar a Operação Carne Fraca apenas pelos seus reflexos econômicos.

É preciso analisá-la também pela atual situação da fiscalização agropecuária pública.

Não há fiscalização agropecuária pública adequada: na nossa opinião o que e existe é um literal faz de conta, onde a "regra" é a inconstitucional e ilegal "fiscalização" privada da carne. E esse faz de conta parece que é regado com propina, como aponta as provas colhidas pela Operação Carne Fraca. Essa "fiscalização privada" parece ser o "ambiente ideal" para o setor da carne.

O pouco que existe de fiscalização agropecuária pública está sob ameaça de desregulamentação e privatização (sofismadas como "modernização" e "autocontrole") e materializada pelo PLS 326/2016 e PL 334/2015 que tramitam, respectivamente, no Senado e na Câmara.

A Associação dos Fiscais da Defesa Agropecuária do Estado do Paraná (Afisa-PR), em nome da preservação do interesse público, da saúde e da segurança alimentar da população, é crítica da má gestão pública em prejuízo da fiscalização agropecuária e do seu deliberado e premeditado desmantelamento para "justificar" práticas desregulamentadoras e privatizantes.

É evidente que a Operação Carne Fraca trará profundos prejuízos socioeconômicos ao país altamente dependente de exportações agrícolas.

O preço a pagar pela Operação Carne Fraca quem sabe seja o mal necessário, a lição a ser aprendida, pois a fiscalização agropeucária pública precisa ser tratada como atividade estratégica para o país e merecedora de uma política pública competente, permanente e de longo prazo.

A Operação Carne Fraca, infelizmente, mostra que existe corrupção de mão dupla na fiscalização agropecuária pública e ela parece ser endêmica, sistêmica e pode envolver também certas personalidades da política partidária e do setor privado.

Não é só dinheiro que importa: é preciso preservar a saúde, a segurança alimentar da população brasileira e o interesse público em fiscalização agropecuária tutelada pelo Estado.

Fica a manifestação do Jornal GGN, o contraditório à Operação Carne Fraca, para que os fiscais agropecuários públicos de boa-fé formem seu juízo de valor.

 

Atualizado em 29-3-2017 em 07:04

 

Matérias vinculadas:

26-10-2018 - Associação dos Fiscais da Defesa Agropecuária do Estado do Paraná (Afisa-PR) & Segurança alimentar: alimentos inseguros custam US$ 110 bilhões por ano aos países de baixa e média renda [Estudo do Banco Mundial: seu economista agrícola líder e co-autor do estudo, Steven Jaffee, afirmou que os governos dos países de baixa e média renda — caso do Brasil, citado nesse estudo — precisam ser mais inteligentes para investir em segurança alimentar e monitorar o impacto das intervenções que fazem & Food security: Unsafe food costs US $110 billion per year to low and middle-income countries & World Bank Study: it´s leading agricultural economist and co-author, Steven Jaffee, said the governments of the low-and middle-income countries — the case of Brazil, cited in this study — need to be smarter to invest in food security and Monitor the impact of interventions that make]

18-3-2017 - Jornal GGN & A Carne Fraca e o reino dos imbecis [A Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, traz uma comprovação básica: o nível de emburrecimento nacional é invencível. O senso comum definitivamente se impôs nas discussões públicas. E não se trata apenas da atoarda que vem do Twitter e das redes sociais. O assustador é que órgãos centrais da República – como o Ministério Público, a Polícia Federal, o Judiciário – tornaram-se reféns do primarismo analítico]