Por Ricardo Nazario T. Silva*

 

Nos últimos tempos, desde meados de 2015, têm surgido boatos que o "Eldorado" para os servidores da defesa agropecuária do estado seria a criação de "sindicato" próprio para os servidores da referida autarquia a que estão vinculados.

Porém, isto na minha opinião não passa de balela e rixa de alguns gestores oficialistas para com a Afisa-PR. Pois muitos dos supostos "criadores" ainda inexistente "sindicato gasparzinho" são ex-líderes da greve de 2011, do antigo departamento de fiscalização que antecedeu a autarquia e que hoje ocupam vistosos cargos de comissão, e que agiram de maneira opressora para "abafar, demolir, massacrar e punir", o princípio de movimento de greve entre os servidores, bem como, seus líderes,  que ocorreu em junho de 2015.

É muita cara de pau e demagogia. Como pode um ex-líder de greve, hoje comissionado, justamente tentar usar o direito constitucional de greve para querer punir servidores grevistas? Talvez ganhando mais de R$ 8 mil por mês de comissão sofra de amnésia seletiva ou mesmo mau-caratismo crônico.

Aliás para que criar outro sindicato, se já há um sindicato que, de acordo com seu estatuto, diz representar os servidores da autarquia de defesa agropecuária do estado, e a lei, pelo princípio da unicidade sindical, veda dois sindicatos em uma mesma base territorial representando uma mesma categoria de servidores.

Também chamou a atenção na última semana que no episódio da morte do ministro do STF, Teori Zavascki, quem apareceu dando entrevista no Jornal Nacional e na GloboNews, representando a categoria dos juízes federais, foi o presidente da Ajufe – Associação dos Juízes Federais do Brasil e não o presidente de sindicato, pois juízes como categoria inteligente e organizada têm associação classista e não sindicato.

Para corroborar minha convicção da importância das associações de classe, alerto que as categorias de ponta do serviço público em nosso país não são vinculadas a sindicatos, mas sim, a associações de classe. Cito como alguns exemplos: Anfip - Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, Amapar – Associação dos Magistrados do Paraná, ANPR – Associação Nacional dos Procuradores da República, entre várias outras.

Caso os fiscais agropecuários deste estado (que são - infelizmente na teoria - uma categoria de ponta no serviço público) querem integrar uma categoria forte e respeitada devem tratar, antes de mais nada, de fortalecer sua associação de classe que é a Afisa-PR, e não tentar enfraquecê-la como alguns, a mando do oficialismo, teimam fazer. A Afisa-PR sempre atuou de forma autônoma e independente, por isso, é perseguida pelo oficialismo e antagonizada pelo sindicalismo pelego.

Aliás, uma dica aos sócios da Afisa-PR: antes de acreditarem ou confiarem nas falácias e nas "opiniões" de certas pessoas que hoje deleitam-se em altas remunerações, várias acima dos R$ 20 mil por mês (e muitas sequer integram a carreira própria, ou seja, estão com os dias contados na defesa agropecuária pela disposição funcional), façam uma busca no portal da transparência do estado e descubram quanto ganham e a quem estão ligadas. Pesquisem também quanto recebem pelos seus cargos de confiança.

É muito fácil ser contra qualquer iniciativa grevista, dizer que "graças a Deus temos trabalho e auxílio-doença" quando se é bem remunerado. Agora, quando se é injustamente remunerado, como é o caso da maioria dos fiscais agropecuários em início e meio de carreira, a história é bem outra. 

As vezes as aparências enganam, quem parece agir como bom e dócil é mau e traiçoeiro, e quem é pintado como mau é bem melhor do que imaginamos. Precisamos aprender a valorizar e fortalecer o que é bom de verdade, limpo, cristalino e sincero.

 

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Diretor administrativo da Afisa-PR durante o triênio 2016/2018.